quarta-feira, 21 de março de 2012

Gullit

Gullit



Se você acompanha futebol há mais de vinte anos, é bem provável que se lembre do meio-campo destruidor (no bom sentido) do Milan, com Ruud Gullit e Marco Van Basten, que encantou o Velho Continente mostrando força aliada a uma técnica precisa. Um meio-campo versátil e dinâmico, que levou o Milan a conquistar o bi da Copa dos Campeões da Europa nas temporadas 1988/1989 e 1989/1990. Belo feito da equipe italiana, que ultrapassou, após 20 anos da primeira conquista, seu maior rival, a Inter, em números de títulos da maior competição do continente europeu.
Mas a história de Gullit começa bem antes. E poucos sabem do caminho percorrido por este filho de um surinamês com uma holandesa. Gullit marcou época no futebol mundial pelo futebol, pela inteligência e também pelo traço despojado marcado por tranças rastafari. Uma mistura que brindou o futebol com chutes certos e uma elegância única.
Nascido em Amsterdã em 1º de setembro de 1962 e batizado como Rudd Dil, foi descoberto quando jogava no Meerboys, time do bairro de Yordam. Ainda neste período, deixou de usar o sobrenome materno Dil e incorporou o que lhe faz conhecido até os dias de hoje, concedido pelo pai, com muito orgulho.
Ainda na primeira temporada, o revés de ser rebaixado para a segunda divisão holandesa. No ano seguinte, a equipe consegue o acesso e Gullit é eleito o melhor jogador do campeonato. Com o time na primeira divisão, algo até tempo atrás bem distante se torna uma realidade: uma vaga na Copa da UEFA, ao lado de times consagrados do futebol europeu.
Antes mesmo da transferência para um time maior, já figurava, em 1981, entre o elenco holandês, mostrando personalidade e talento. A passagem pelo Feyenoord durou dois anos e sua ida foi inevitável. O destino parecia colaborar com o destino de Gullit: a lenda Cruyff se despede ao seu lado na temporada 1983-1984, conquistando dois títulos.
Mais alto
O próximo degrau alcançado, neste curto período, foi a transferência para o PSV, um dos gigantes do país. Foram mais dois anos com um duplo título nacional e mais propostas. Uma delas, tentadora, aliada a uma carga de responsabilidade incomum. Substituir, com a camisa da Juventus de Turim, Michel Platini, um dos maiores jogadores franceses de todos os tempos.
Em parte motivado pela ida do companheiro de seleção Marco van Basten para o Milan, Gullit decidiu acompanhá-lo para formar o que seria um dos maiores times italianos do século XX. Títulos e muitas vitórias inspirados por um futebol moderno e autêntico.
Na equipe rubronegra, leva para Milão o 11º scudetto. No auge da forma, recebe a Bola de Ouro da renomada France Football. Em homenagem ao então detento Nelson Mandela, Gullit dedica o prêmio, reforçando ainda mais a impressão de forte personalidade e compromisso do jogador.
Na Itália, o apertheid era pouco conhecido, ao contrário do sentimento do negro milanista. Em encontro com o líder sul-africano, este admite que pensou que o prêmio seria tirado do holandês pelo fato da cor da sua pele ser negra.
O auge
Com a camisa do Milan, Gullit foi bicampeão da Copa dos Campeões da Europa nas temporadas 1988-1989 e 1989-1990, contando com a presença de outro holandês: Frank Rijkaard. Com dois gols do cabeludo, o Milan derrotaria na primeira final o Steaua Bucareste. No ano seguinte, a vítima fora o Benfica. Em 1992, mais um scudetto.
O tricampeonato da Champions foi impedido na final de 1993 contra o Olympique de Marselha. Neste momento, Gullit já não estava mais no auge de sua passagem pelo Milan. Na final, inclusive, figurou entre os reservas.
Mesmo após a transferência para a Sampdoria, a história de Gullit com o Milan não havia acabado. Após vencer a Copa da Itália pelo time de Gênova, o meio-campo tem uma breve passagem pelo time de San Siro, antes de retorna à Samp em 1994.
A ida para o Chelsea chegou em busca de distância da mídia. Em uma equipe de outro patamar, Gullit teve dificuldades na adaptação, mas o bom contato com a torcida facilitou as coisas. Virou técnico dos Blues, em um período bem distante do atual, com milhões sendo investidor por um dono estrangeiro. A FA Cup coroou a nova carreira, que prometia um futuro promissor.
Apesar da maior tranqüilidade longe dos gramados, Gullit reconhece que a mudança lhe custou alguns títulos a mais na careira. Mas o preço que teve se tratando de liberdade e diversão pelo jogo não teve preço.
Camisa laranja
Com apenas 19 anos, Gullit estreou na seleção de seu país. No entanto, o período que o futebol holandês atravessava não era bom: ausência das Copas de 1982 e 1986, além da Euro de 1984.
Em 1988, com o comando do Rinus Michels, que apresentaria ao mundo o ‘carrosel holandês’ na década anterior, a Holanda se torna campeã da Eurocopa.
Na Copa de 1990, a eliminação para a Alemanha Ocidental nas oitavas impediu os planos de Gullit de ganhar um mundial. Antes da Copa de 1994, se indispôs com o treinador, Dick Advocaat, e ficou de fora.
Do banco
Gullit ficou no comando do Chelsea até 1998, pouco antes de títulos importantes como da Copa da Liga Inglesa, Recopa Europeia e Supercopa Europeia, com Gianlucca Vialli como técnico.
Treinou o Newcastle e chegou ao vice campeonato da Copa Inglesa em 1999, perdendo para o Manchester United. Alan Shearer foi a pedra que impediu sua continuidade no time inglês.
Voltou ao Feyernoord, mas sem êxito. Até este ano, treinava o Los Angeles Galaxy. Desde janeiro, é o treinador do Terek Grozny, da Chechênia, que ficou em 12º lugar no campeonato russo de 2010.

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